Blue
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O que se vê no devaneio da lembrança, através da imagem, contém a força de um mundo inteiro. Assim como a palavra "chuva" faz chover em algum lugar de nós, mesmo sendo o reflexo de uma luz distante, a lembrança vista através de uma imagem inunda o presente de forma indecifrável.
Assim são as águas da memória.
Rafael Figueiredo | Escritor, compositor e poeta
Acrílica sobre tela
50x40 - com moldura
2020
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Fenda
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Ninguém nunca esteve tão imune, nem as cores da arte, de representar formas findas. Olho para a tela e posso ver a mão que segura a espátula a conduzir branco marshmallow pulmonar sobre o preto, o número dos nossos dias. No interior do grande corte, sangra multidão, como a vida que se esvai em pandemia. Sem profundidade, sombras kamikazes acompanham à direita e à esquerda.
A solidão da artista dialoga com isolamentos insolúveis. Há também paixão difusa, tentativa de segurar os contornos pouco definidos do quadro. A tinta que se gruda na tela e seca sem controle talvez seja o que melhor possa explicar.
Tônio Caetano | Filho, pai da Safira e escritor.
Acrílica sobre tela
35x25
2020
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Fogaréu
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Contemplei as pinturas da série Cores e Efeitos da Quarentena e, como se tivesse uma relação, eu logo soube de qual delas deveria escrever. Essa, dos vermelhos e alaranjados e cinzas me lembraram a vista que, neste momento em que o mundo pareceu parar, eu ainda posso ver.
Quando o dia vagarosamente vai trocando de lugar com a noite - essa troca infinita -, antes que ela se dê por completo, eu vou até a janela e vejo, lá no longe, como se fosse uma folha outonal que cai de uma árvore, o sol caindo por detrás das nuvens.
Enquanto cai, vai pintando o céu cor-de-fim-do-dia. A imagem que eu vejo da janela, os vermelhor-alaranjados-cinzas é difícil pôr em palavras, e mesmo as fotografias não são suficientes, às vezes. Há coisas que só os olhos sabem enxergar.
A imagem que eu vejo da janela, percebo agora, nesta pintura. O mesmo calor que nasce nos olhos, quando a vejo emoldurada na janela, e que me faz sentir (quase sempre) que há (ainda) beleza a ser apreciada.
Silvia traduz a sensação em matéria nesta pintura.
Bruno Fraga | Escritor, artista, professor
Acrílica sobre tela
50x40
2020
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Movimento
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E a vida explode com toda a sua força. Explode no recolhimento interno que o momento exige e oportuniza, na reflexão, nas novas ideias, no reinventar-se. A natureza grita, se renova, retoma parte de seu esplendor. O céu mais azul, os lagos, córregos e riachos com mais peixes, a vegetação mais verde. É a vida pulsando em meio ao caos.
O coração, simbologia de sentimento e afeto, nos mostra a relevância de cada ser humano. No distanciamento, a proximidade de almas se faz presente. É a mão que alcança alimento e abrigo e acolhe o sofrimento. É a dor do outro que também me faz sofrer.
Medo? Empatia? Pequenos lampejos de humanidade?
Rosane Papaleo Freire | Professora e Agente de viagens.
Acrílica sobre tela
50x40
2020
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Pulso
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A linha da vida
Nossas vidas são
ligadas,
interligadas,
conectadas.
Como numa teia.
E, talvez essa seja a constatação
mais difícil em uma sociedade
onde o "eu" vale mais que o "nós".
Onde é difícil depender
Do bom senso
Do cuidado
Da empatia
do outro, de todos.
Onde uns vão se adaptando
ao "novo normal"
Enquanto outros seguem
sua vida normal.
Graziana Fraga | Relações Públicas e Consultora de Marketing Digital
Acrílica sobre tela
35x25
2020
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Quarentena
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Em meio a essa pandemia de Covid-19 em que muitos óbitos estão sendo registrados ao redor do mundo, a obra me remeteu a uma foto apresentada em quadro emoldurado. Retrato esse que pode estar ou ser envelhecido pelo tempo e que nele se sobressaem as lembranças. É como se ali estivesse um rosto que está borrado e que não se pode mais identificar ao certo quem é, quem foi, quem se foi.
Como já fez tantas outras vezes, a arte tem potencial de registrar esse momento para que nunca seja esquecido. Em meio a uma epidemia tão cheia de números, devemos evitar que histórias vividas sejam perdidas, borradas e escondidas entre gráficos e notas de obituário. A arte - ao nos lembrar da morte - pode também fazer com que a gente valorize ainda mais a vida e as cores que estão presentes mesmo nos momentos mais escuros.
Renato Koch Colomby | Escritor e Professor IFPR.
Acrílica sobre tela
50x40
2020
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Tempestade
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Essa pintura da minha amiga Silvia me remete um pouco ao expressionismo abstrato de W. De Kooning, mas com as cores e pinceladas fortes e profundas que lembram o nosso grande Iberê Camargo, em que a forte presença do preto convive com pontos de luz, vermelhos terrosos e azul cobalto. Eu gostei muito.
Penso que pode ser interpretada metaforicamente como expressão artística, pictórica, de tempos de isolamento forçado pela Pandemia global do século XXI, que é o contexto dramático em que vivemos , como um "alerta de incêndio" (Walter Benjamin) frente à catástrofe, mas também como a possibilidade de sua superação pela humanidade.
Eduardo Mancuso | Escritor e Historiador
Acrílica sobre tela
50x40
2020
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