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Exposição Virtual

Cores e Efeitos da Quarentena

Por Silvia Generali

Junho de 2020

Captura de tela 2023-07-15 201957.png

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A minha primeira exposição, NATUREZA FEMININA, realizada na sede da ADUFRGS, foi interrompida - como tantos outros projetos - pela quarentena imposta pelo COVID-19. Fiquei pensando em um modo seguro de não parar de produzir e de compartilhar arte, e aí surgiu a ideia da exposição virtual. Concluí o Curso de Formação de Escritores da Metamorfose e, desde o primeiro dia de aula, ouvi o professor Marcelo Spalding repetir que "o conto não conta uma história, causa um efeito". Em vias de publicar meu primeiro livro individual de contos, "A Dança dos Ratos", me ocorreram diversos paralelos entre a literatura e as artes visuais. Ambos são expressões artísticas, são produto da subjetividade do autor e resultado da subjetividade do apreciador. São mais que letras e tintas, são emoções, sentimentos e pensamentos lançados a público. E tanto o conto quanto um quadro, ao meu ver, não contam histórias nem mostram imagens, mas causam um efeito (com a devida licença do professor Spalding). Assim, me pareceu apropriado para esta primeira exposição virtual apresentar trabalhos produzidos durante a quarentena, com todos os impactos emocionais que ela provocou e ainda provoca, e pedir para escritores de contos, crônicas, novelas e até de textos acadêmicos que relatassem  suas sensações - sempre tendo como pano de fundo a pandemia. O processo foi uma oportunidade de estar próxima de amigos queridos e de dividir impressões. O resultado foi emocionante. Ver o efeito que cada obra causa nas pessoas e como elas o expressam foi uma sensação mágica, da qual ficarei para sempre grata. Espero que todos apreciem a poesia dos textos e as cores das obras.

Captura de tela 2023-07-15 201957.png

Blue

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O que se vê no devaneio da lembrança, através da imagem, contém a força de um mundo inteiro. Assim como a palavra "chuva" faz chover em algum lugar de nós, mesmo sendo o reflexo de uma luz distante, a lembrança vista através de uma imagem inunda o presente de forma indecifrável. 
Assim são as águas da memória.

Rafael Figueiredo  |  Escritor, compositor e poeta

Acrílica sobre tela

50x40 - com moldura

2020

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Fenda

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Ninguém nunca esteve tão imune, nem as cores da arte, de representar formas findas. Olho para a tela e posso ver a mão que segura a espátula a conduzir branco marshmallow pulmonar sobre o preto, o número dos nossos dias. No interior do grande corte, sangra multidão, como a vida que se esvai em pandemia. Sem profundidade, sombras kamikazes acompanham à direita e à esquerda.
A solidão da artista dialoga com isolamentos insolúveis. Há também paixão difusa, tentativa de segurar os contornos pouco definidos do quadro. A tinta que se gruda na tela e seca sem controle talvez seja o que melhor possa explicar.

Tônio Caetano  |  Filho, pai da Safira e escritor. 

Acrílica sobre tela

35x25

2020

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Fogaréu

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Contemplei as pinturas da série Cores e Efeitos da Quarentena e, como se tivesse uma relação, eu logo soube de qual delas deveria escrever. Essa, dos vermelhos e alaranjados e cinzas me lembraram a vista que, neste momento em que o mundo pareceu parar, eu ainda posso ver.

Quando o dia vagarosamente vai trocando de lugar com a noite - essa troca infinita -, antes que ela se dê por completo, eu vou até a janela e vejo, lá no longe, como se fosse uma folha outonal que cai de uma árvore, o sol caindo por detrás das nuvens.

Enquanto cai, vai pintando o céu cor-de-fim-do-dia. A imagem que eu vejo da janela, os vermelhor-alaranjados-cinzas é difícil pôr em palavras, e mesmo as fotografias não são suficientes, às vezes. Há coisas que só os olhos sabem enxergar.

A imagem que eu vejo da janela, percebo agora, nesta pintura. O mesmo calor que nasce nos olhos, quando a vejo emoldurada na janela, e que me faz sentir (quase sempre) que há (ainda) beleza a ser apreciada.

Silvia traduz a sensação em matéria nesta pintura.

Bruno Fraga  |  Escritor, artista, professor

Acrílica sobre tela

50x40

2020

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Movimento

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E a vida explode com toda a sua força. Explode no recolhimento interno que o momento exige e oportuniza, na reflexão, nas novas ideias, no reinventar-se. A natureza grita, se renova, retoma parte de seu esplendor. O céu mais azul, os lagos, córregos e riachos com mais peixes, a vegetação mais verde. É a vida pulsando em meio ao caos.
O coração, simbologia de sentimento e afeto, nos mostra a relevância de cada ser humano. No distanciamento, a proximidade de almas se faz presente. É a mão que alcança alimento e abrigo e acolhe o sofrimento. É a dor do outro que também me faz sofrer.
Medo? Empatia? Pequenos lampejos de humanidade?

Rosane Papaleo Freire  | Professora e Agente de viagens.

Acrílica sobre tela

50x40

2020

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Pulso

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A linha da vida

Nossas vidas são
ligadas,
interligadas,
conectadas.
Como numa teia.
E, talvez essa seja a constatação
mais difícil em uma sociedade
onde o "eu" vale mais que o "nós".
Onde é difícil depender
Do bom senso
Do cuidado
Da empatia
do outro, de todos.
Onde uns vão se adaptando
ao "novo normal"
Enquanto outros seguem
sua vida normal.

Graziana Fraga  |  Relações Públicas e Consultora de Marketing Digital

Acrílica sobre tela

35x25

2020

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Quarentena

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Em meio a essa pandemia de Covid-19 em que muitos óbitos estão sendo registrados ao redor do mundo, a obra me remeteu a uma foto apresentada em quadro emoldurado. Retrato esse que pode estar ou ser envelhecido pelo tempo e que nele se sobressaem as lembranças. É como se ali estivesse um rosto que está borrado e que não se pode mais identificar ao certo quem é, quem foi, quem se foi.
Como já fez tantas outras vezes, a arte tem potencial de registrar esse momento para que nunca seja esquecido. Em meio a uma epidemia tão cheia de números, devemos evitar que histórias vividas sejam perdidas, borradas e escondidas entre gráficos e notas de obituário. A arte - ao nos lembrar da morte - pode também fazer com que a gente valorize ainda mais a vida e as cores que estão presentes mesmo nos momentos mais escuros.

Renato Koch Colomby  | Escritor e Professor IFPR.

Acrílica sobre tela

50x40

2020

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Captura de tela 2023-07-15 202047.png

Tempestade

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Essa pintura da minha amiga Silvia me remete um pouco ao expressionismo abstrato de W. De Kooning, mas com as cores e pinceladas fortes e profundas que lembram o nosso grande Iberê Camargo, em que a forte presença do preto convive com pontos de luz, vermelhos terrosos e azul cobalto. Eu gostei muito.

Penso que pode ser interpretada metaforicamente como expressão artística, pictórica, de tempos de isolamento forçado pela Pandemia global do século XXI, que é o contexto dramático em que vivemos , como um "alerta de incêndio" (Walter Benjamin) frente à catástrofe, mas também como a possibilidade de sua superação pela humanidade.


Eduardo Mancuso  |  Escritor e Historiador

Acrílica sobre tela

50x40

2020

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